domingo, 8 de abril de 2012

Alfabetização com Clarice Lispector

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Alfabetização com Clarice Lispector:
RIO - O que Isabelly Batista Gomes mais gostou em “A mulher que matou os peixes”, de Clarice Lispector, foi que a tal mulher “pediu desculpa”:
— Eu também fiz uma história sobre peixe, sobre o peixe “trabalhante”. Ele foi trabalhar; a mulher dele, também; o filho foi estudar. De noite, voltaram pra casa e tomaram banho todos juntos, apertados — diz a menina de 7 anos sobre o que escreveu ao lado de um desenho.
Isabelly é uma das alunas de Maria de la Paloma Muñoz Waite, a segunda colocada no AlfabetizaRio. A segunda e também a décima, porque uma outra turma de Paloma, do mesmo colégio — a Escola Municipal Minas Gerais, na Urca, Zona Sul do Rio —, ficou em décimo lugar no ranking.
Entre suas ferramentas em sala, Paloma adota um dos elementos que muitas das professoras nas primeiras posições do ranking usam, segundo a secretária Claudia Costin: procurar levar a biblioteca para a sala de aula. Com base no livro de Clarice Lispector, por exemplo, os alunos de Paloma fizeram desenhos, expostos na sala de aula, e vão montar um aquário.
A professora também leva suas turmas para leituras na UniRio, ali perto da escola. E mais uma ferramenta sua: o uso de música, com a leitura de cantigas, por exemplo.
— Todo dia lemos algum livro — diz Paloma, pedagoga com pós em Psicopedagogia. — O mais difícil é quando você vai apresentar esse mundo da letra à criança e percebe que ela fica perdida por não ter referências disso em casa. É como entrar num lugar com textos numa língua que você não faz ideia de qual seja.
— A Paloma propõe a leitura em grupo, o que cria um envolvimento da turma. Além disso, circula pela sala. Isso é muito importante para se conectar com todos. Mas um ponto que chama atenção é que ela não se contenta com qualquer resposta. Não aceita qualquer coisa. Deixa o aluno pensar para ele responder melhor — comenta a educadora Andrea Ramal sobre o que viu das aulas da professora nas imagens gravadas pelo GLOBO. — Isso eleva o padrão de excelência que ela busca na turma, faz com que ela vá atrás do máximo que a turma pode dar. Não é aquele pensamento “é aluno de escola pública, então, para o que ele é, está bom”.

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