domingo, 8 de abril de 2012

Campeã de conteúdo e afeto

 http://oglobo.globo.com/
Campeã de conteúdo e afeto:
RIO - O início da aula de Vânia Lúcia Aguiar Lima é assim:
— Hoje está nublado, né, gente? Vamos chamar o sol? Todo mundo levanta. Vamos chamar o sol! — diz a professora, e é rápido até que a turma, animada como crianças de 6 e 7 anos podem ser, comece a pular no meio da sala.
A primeira colocada do AlfabetizaRio ensina na Escola Municipal Rodrigo Melo Franco de Andrade, no Andaraí, Zona Norte do Rio, há um ano. Também trabalha na rede municipal de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Com 18 anos de magistério, Vânia faz com sua turma “uma catarse”, nas palavras da secretária Claudia Costin: além de “chamar o sol”, a professora costuma colocar os alunos em círculo para que falem sobre problemas que os aborrecem.
— Ensinar para essa idade é cuidar não só de leitura e escrita, mas de oralidade, desenvolvimento da cooperação. É ensinar a ler o mundo. E tento fazer com que, na escola, a criança seja mais leve do que o que muitas vivem em casa. Tudo na escola tem de ser prazeroso para uma criança. Tudo. A sala tem de estar arrumada. Tenho de mostrar ao aluno que ele é importante para mim, porque aí ele também vai mostrar a importância dele para os outros — diz Vânia, e chora. — Ah, gente, é uma responsabilidade.
Com Formação de Professores e cursando Pedagogia, ela criou o “Correio da Amizade”. Na sala de aula, pôs “caixas de correio” de papel, onde os alunos podem depositar bilhetes para os colegas. Uso de poesia é outra ferramenta: poemas que os próprios alunos ajudaram a criar, eles interpretaram para outras turmas.
— “O mundo tem água, parque de criança” — diz Ingrid Ferreira, 7 anos, lendo o poema que fez “pra gente cuidar do nosso planeta”.
— Vânia participa das atividades, um modelo atual de o professor ser companheiro de estudos. E une conteúdo com expressão de valores — diz a educadora Andrea Ramal.
Andrea destaca que, para conduzir com disciplina aula tão participativa, Vânia cria “códigos com os alunos”: em vez de mandar ficarem quietos, diz que só abre os olhos “quando todos se sentarem”. Todos se sentam. E, quando saem para o recreio, não fazem barulho algum — no código de professora e alunos, explicou um deles, é a hora em que estão “invisíveis”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário