Segundo publicação, pesquisas revelam complexidade da doença, mas também novos rumos
11 de novembro de 2010
Agência Fapesp
SÃO PAULO - Esquizofrenia é o assunto de destaque na capa da edição desta quinta-feira, 11, da revista Nature, que avalia em editorial e em três artigos os avanços obtidos nos últimos cem anos para a compreensão desse transtorno psíquico severo.
No editorial, a publicação destaca que a pesquisa científica tem revelado as “complexidades assombrosas” da esquizofrenia, mas também aponta novos caminhos para diagnóstico e tratamento.
“Nos últimos anos, tem-se avaliado que esse conjunto de sintomas - que tipicamente se manifesta no início da vida adulta - representa um estágio posterior da enfermidade e que ela própria pode vir a ser uma coleção de síndromes, mais do que uma condição única”, destaca o editorial.
No primeiro artigo, Thomas Insel, do National Institute of Mental Health, dos Estados Unidos, faz uma revisão do conhecimento acumulado sobre o tema. Segundo ele, o futuro da esquizofrenia reside em “repensá-la” como um distúrbio do desenvolvimento neurológico.
“Esse novo foco poderá levar a novas oportunidades para a compreensão de mecanismos e para o desenvolvimento de tratamentos, que têm sido experimentados há décadas, mas com pouca evolução e resultados insatisfatórios na maioria das vezes”, escreveu Insel.
A esquizofrenia é uma desordem mental debilitante que atinge cerca de 1% da população mundial. No segundo artigo, Andreas Meyer-Lindenberg, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, discute como as novas tecnologias de obtenção de imagens estão deixando os aspectos apenas funcionais e estruturais para focar também nos mecanismos dos riscos da enfermidade.
Para o cientista, essas novas estratégias, como o uso de imagens em genética, possibilitam uma visão muito importante do sistema neural mediado pelo risco hereditário e ligado a variantes comuns associadas à doença.
O artigo sugere que a caracterização dos mecanismos do transtorno por meio do desenvolvimento dessas técnicas poderá somar forças com os atuais projetos de pesquisa que buscam tratamentos.
No terceiro artigo, Jim van Os, da Universidade Maastricht, na Holanda, e colegas fazem uma revisão do conhecimento atual sobre as influências ambientais na esquizofrenia e os desafios que essas relações abrem para estudos na área.
Os autores argumentam que novos trabalhos são necessários para tentar descobrir a interação entre genética e ambiente que determina como a expressão da vulnerabilidade na população geral pode dar origem a psicopatologias severas.
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