quarta-feira, 13 de abril de 2011

Paisinhos ou paisezinhos?

Paisinhos ou paisezinhos?: "

Mais uma vez, leitores do G1 criticam a posição intransigente de algumas bancas organizadoras de concursos. Hoje é a vez de Alberto José Rodrigues Coré, de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Vejamos o que ele nos escreveu:


“Eu e vários candidatos estamos sendo prejudicados por essa prática no concurso Petrobrás 02-2010, no qual não foi anulada uma questão. Foram enviadas dezenas de recursos, em que se utilizavam, em sua maioria, as dicas aqui postadas pelo prof. Sérgio Nogueira.


A questão é simples. A Cesgranrio afirma que existe a palavra “paisezinhos”, e o prof. Sérgio Nogueira, numa das suas Dicas aqui no G1, afirma que o plural correto é PAISINHOS. Nos recursos, foram apresentadas outras fontes, mas a Cesgranrio não anulou a questão.


Em todas as pesquisas feitas, não achei nada que justifique o plural “paisezinhos”. Temos também o apoio de um site especializado em gramática e em correção de provas de concursos, que também afirma que a tal questão deveria ser anulada.”


Vamos aos fatos.


Para a formação do plural de palavras no diminutivo, temos duas regrinhas:


1ª) Com o sufixo –INHO, basta pôr a desinência “s”:

livro+inho = livrinho > livrinhos;

caixa+inha = caixinha > caixinhas;


2ª) Com o sufixo –ZINHO, devemos pluralizar a palavra primitiva, cortar o “s” e colocá-lo no final:

papel+Zinho > papei(s)+Zinho+s = papeizinhos;

balão+Zinho > balõe(s)+Zinho+s = balõezinhos.


No caso de PAISINHO, devemos aplicar a primeira regra, pois o sufixo é –INHO (país+inho = paisinho). Assim sendo, o plural correto é PAISINHOS. Assim como acontece com casa+inha = casinhas; lápis+inho = lapisinhos.


O plural “paisezinhos” é um equívoco, que eu próprio o cometi nos meus primeiros livros, mas isso já foi corrigido há muito tempo. Se aceitarmos “paisezinhos”, teremos de aceitar também “lapisezinhos”, “tenisezinhos” e outras aberrações.


O que mais me impressiona no caso é o radicalismo dos componentes da banca da Cesgranrio. Isso me espanta, pois conheci aquela casa na década de 80, quando lá prestei alguns serviços.


Também me causa espanto a “gramatiquice” cobrada na prova. Não que eu seja contrário às questões que envolvam aspectos gramaticais.


Não defendo a velha gramática normativa, mas também não sou professor do tipo que aceita tudo ou qualquer coisa. A moderação sempre me fez bem. Detesto radicalismos, seja de direita ou de esquerda. Sempre fui contra os concursos que só cobravam gramática como se isso medisse a capacidade do candidato de escrever e de compreender o que lê. Sempre defendi a produção de texto, as questões de interpretação e de compreensão de texto, mas nunca fui contra a presença de questões que envolvessem aspectos gramaticais práticos, como ortografia, concordância, uso do acento indicativo da crase, uso dos verbos e dos pronomes…


Nas minhas Dicas de Português, publicadas aqui no G1, só fui radical num aspecto: a presença de questões polêmicas em nossos concursos. Isso é covardia. O candidato não precisa saber que o autor A aceita um plural e que o autor B aceita duas formas de plural. É uma questão subjetiva, pois professores, estudiosos, mestres e até doutores têm o direito de divergir, de ver a língua portuguesa sob ângulos diferentes.


Sejamos mais flexíveis. Não apenas na visão da nossa língua, mas, principalmente, na vida.

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