terça-feira, 19 de abril de 2011

Salve Geral

FONTE: http://www.vithais.com.br/


Salve Geral: "

"Salve Geral" foi a senha. E deste grito que ecoou por presídios de todo o Brasil, se instalou o caos em São Paulo e em algumas outras localidades, em menor intensidade. Os bandidos colocaram o sistema prisional de cabeça para baixo, literalmente. Tomaram conta do cárcere nacional e deram a ordem para que as autoridades iniciassem mudanças que eram de seu interesse específico, relacionadas a brutalidade com que vivem nas prisões.

E é deste momento histórico vivido no Brasil em 2006, que o diretor Sérgio Resende produziu e dirigiu esta qualificada produção estrelada pelo sempre competente e talentosa Andréa Beltrão. O pano de fundo que norteia a trama principal se passa nos presídios e nas ações de marginais e policiais pelas ruas de São Paulo.

Das relações que se estabelecem entre os marginais comuns e o Primeiro Comando da Capital, mais conhecido como PCC, surge um arremedo de politização e uma pseudorevolução carcerária que invadiria o país. E entre os presos envolvidos há o jovem Rafa (Lee Thalor), filho da professora de piano Lúcia (Andréa Beltrão), jovem viúva em dificuldades financeiras.

A prisão do rapaz, por motivos justos, diga-se de passagem, é fruto de uma noite paulistana qualquer, na qual os jovens se reúnem para manobras radicais com seus carros para impressionar garotas e que termina em tragédia. Alguns poucos segundos de ação impensada e toda uma existência colocada no limbo da humanidade, terminando num presídio. Este momento do filme é valioso para trabalharmos com nossas crianças, adolescentes e jovens destacando a necessidade de pensarmos muito bem antes de tomarmos qualquer decisão!

O problema, ou solução, como queiram, é que amor de mãe é mesmo incondicional e enfrenta as maiores barras, até mesmo a vida num presídio. Mas, como fazer isso se o dinheiro não existe? E para pagar algumas "facilidades" ou "privilégios" no cárcere imundo, cruel e desumano? E para agilizar a saída do filho único do inferno na Terra?


Numa das visitas de Lúcia ao presídio, durante uma sufocada rebelião, ela conhece Ruiva (Denise Weinberg), que fica sabendo da formação em direito da professora de música e resolve cooptá-la para trabalhar por sua causa... E qual causa é esta? Ruiva é uma advogada que atua como intermediária das ações do PCC para suas ações dentro e fora do presídio. É ela a responsável por acionar rebeliões, captação do dinheiro do tráfico de drogas e armas, distribuição de produtos...

Sem muitas opções e desconhecendo, a princípio, as ações de Ruiva e de seu grupo, Lúcia passa a atuar em prol desta causa. Seu intuito único é livrar o mais rápido possível o filho da prisão. E por ela começamos a entender os meandros do sistema prisional, a forma de agir da polícia e a estrutura e funcionamento do PCC até o momento em que esta organização criminosa desencadeia o caos em São Paulo e no Brasil, ameaçando a estabilidade nacional.

Só por isso já poderíamos nos dispor a assistir "Salve Geral", mas como mais um bendito fruto da recente produção nacional, esta nova produção de Sérgio Resende (que já nos brindou com outros filmes de caráter histórico, como "Lamarca", "Guerra de Canudos" ou "Mauá") tem boas atuações de todo o elenco, uma trama que nos instiga a ver até o final em busca da solução para o drama de Lúcia e Rafa e, tecnicamente, é esmerada, ou seja, não deixa a desejar.

Se não é 'Tropa de Elite', 'Carandiru' ou 'Cidade de Deus', filmes que igualmente abordam a realidade violenta de nossas periferias e presídios, 'Salve Geral' tem seus próprios méritos e, o maior deles é certamente fazer com que entremos no olho do furacão daqueles acontecimentos e percebamos o quanto o buraco é mais embaixo no que se refere a bandidagem organizada, os presídios, a luta da polícia contra o PCC ou o Comando Vermelho...Assistam!

Por João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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