domingo, 27 de novembro de 2011

Cinema na Escola: Entrevista para a Revista Educação

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Cinema na Escola: Entrevista para a Revista Educação:


Entrevista na íntegra, sobre Cinema na Escola, para a matéria "Cinema na Lousa: Pensamentos sob o olhar", realizada pelo repórter Guilherme Bryan, da Revista Educação (publicada no mês de novembro de 2011).


1 - Como o senhor avalia a maneira como os professores brasileiros tem utilizado o cinema em sala de aula?
JL - Tivemos uma boa evolução quanto ao uso dos filmes em sala de aula. Já há entre a maioria dos professores consciência quanto ao potencial do recurso e, sendo assim, a certeza de que é preciso fazer um bom planejamento para o uso deste recurso em sala de aula. É claro que ainda há, infelizmente, o uso incorreto dos filmes em sala de aula, sem a clareza de que é preciso programar tal utilização de olho no potencial pedagógico que possui, com a programação de atividades relacionadas aos conteúdos abordados em aula ou aos temas transversais, buscando mais argumentos e ideias, ampliando a discussão, fazendo com que os alunos pensem e repensem aquilo que está sendo apresentado e que produzam em sala, em casa ou mesmo em avaliações relativamente ao que trazem as produções cinematográficas mostradas.




2 - O senhor acredita que o cinema deve ser utilizado como complemento de algumas disciplinas, como geralmente acontece, ou como modo de provocar a reflexão e ser encarado como um dos discursos possíveis sobre um determinado tema? Por quê?
JL - Há diferentes modos de utilização, entre os quais os que você mencionou, ou seja, como enriquecimento ou complementação de conteúdos e ideias trabalhadas em aula ou para estabelecer motes de discussão que irão funcionar como temas geradores. Pode-se, ainda, por exemplo, fazer com que os filmes, por seu caráter lúdico, sirvam para causar o interesse, o encantamento, a sedução para um determinado tema ou assunto, dando abertura aos trabalhos com o mesmo. É possível utilizar os filmes depois da leitura de um livro e fazer comparações entre a obra no papel e nas telas. É viável e recomendável selecionar apenas trechos das produções para realizar uma imersão numa determinada sequência ou ainda reflexão desencadeada pelos protagonistas...


3 - A simples instalação de salas de cinema ou de projetores nas escolas resolve o problema ou é necessário toda uma preparação de professores e alunos para que o cinema seja utilizado de modo efetivo e eficiente em sala de aula? Por quê?
JL - É possível fazer uma analogia entre o cinema na escola e os laboratórios de informática instalados nestas mesmas instituições de ensino. Não terão eficácia se apenas equipá-las, ou seja, colocar a disposição os recursos sem que as pessoas estudem, se preparem, planejem e orientam sua ação com o necessário e fundamental foco pedagógico. Pense, por exemplo, no sujeito que ganhou um automóvel de primeira linha, todo equipado, com motor potente e os mais modernos acessórios... Se não souber dirigir não será de nenhuma valia para ele, não é mesmo? Semelhante situação acontece quando as escolas montam salas de projeção, com datashow, sistema de som, cadeiras confortáveis e não preparam seus profissionais para o melhor uso destes recursos...


4 - Como é possível ensinar os professores a trabalharem da melhor maneira com a linguagem audiovisual em sala de aula?
JL - Não há dúvida de que o melhor caminho é o estudo associado a aplicação prática. Há bons livros sobre o assunto já publicados e que auxiliam os professores nesta busca por uma melhor realização com filmes em sala de aula. Poderia mencionar, por exemplo, "Cinema e Educação" de Rosália Duarte, "Como usar o cinema na sala de aula" de Marcos Napolitano e também o livro que publiquei sobre o tema "Na sala de aula com a Sétima Arte: Aprendendo com o Cinema" como boas sugestões para iniciar estes estudos. Além das leituras, que recomendo sejam feitas em grupos de estudo, há igualmente a necessidade de aplicar, ou seja, de realizar com os alunos práticas em que os filmes sejam parte dos materiais relacionados a um tema em estudos para verificar o quanto são eficazes e como seu uso se configura.


5 - O senhor acredita que há certa resistência por parte da maioria dos professores com relação à linguagem cinematográfica? Por quê?
JL - Ainda há resistências e elas são decorrentes da incompreensão do potencial que há nestas produções para fins pedagógicos. Conhecer os filmes, as técnicas e meios de aplicação em sala de aula, experimentar sem medo, ler sobre o assunto enriquecem o trabalho e o próprio profissional, mas certamente é uma realização que toma algum tempo e dá um pouco de trabalho. A compensação no final é, no entanto, grandiosa. Uso filmes com frequência e a resposta de alunos de diferentes idades e etapas de formação é maravilhosa. Recebo este feedback todas as semanas e, atesto ainda que a busca por informações por parte de profissionais da educação é grande, ou seja, recebo e-mails todas as semanas de professores que relatam dúvidas, ações, realizações com filmes em suas escolas.

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