terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

HOMENAGEM AS AMIGAS QUE NOS DEIXARAM

Ainda não tinha achado nada que dissesse, um pouco, do nosso sentimento em relação a 2(duas) amigas que nos deixaram no Início deste ano, Bia e Tânia Lenns; duas pessoas que estiveram presentes em nossas vidas, em nossas lutas, brigas, rindo, chorando, se emocionando, acreditando que podíamos sempre fazer melhor, estar melhor, ser melhor.
Nossas amigas se foram, mas deixaram suas marcas, seu perfume, suas idéias, sua motivação; está tudo aqui, guardado no melhor lugar, nosso coração.
Achei este pequeno texto da Ana Jácomo que fala muito melhor do que nós sobre a impermanência e o que fica disso.


Em degradé: "
Foto de Ana Correia

Ana Jácomo

Algumas preciosidades morrem baixinho, em dégradé. Como morrem as tardes. Como morrem as flores. Como morrem as ondas. Quando a gente percebe, já é noite e o céu, se está disposto a falar, diz estrelas. Quando a gente percebe, as pétalas já descansam o seu sorriso no colo do chão. Quando a gente percebe, o canto da onda já enterneceu a areia. Muitas dádivas que nos encontram, que nos encantam, têm seu tempo de viço, sua hora de recado, e seu momento de transformação em outro jeito de lindeza.

A noite também é bela do jeito dela. As pétalas caídas viram húmus para fertilizar o solo que dirá a vez de outras flores sorrirem. A areia molhada conta a canção da onda e da sua acolhida terna para a nossa vida descalça. Lutar contra a impermanência da cara das coisas é feito tentar prender o azul macio das tardes, segurar o viço risonho das flores, amordaçar as ondas. É inútil.

Costumamos esquecer que não podemos impedir a mudança: tudo dança a coreografia sábia e implacável da impermanência. Mas a música daquilo que verdadeiramente nos toca com amor, não importa o quanto tudo mude - e tudo muda -, não deixa nunca mais de tocar e viver, de algum jeito, no nosso coração.
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