FONTE: O DIA ONLINE
Nenhuma criança, mesmo as mais avessas aos estudos, quer repetir o ano. Não passar significa não só terminar o colégio mais tarde, mas também deixar os antigos amigos e ter que conviver com colegas mais novos, além de ser obrigado a rever todos os conteúdos trabalhados no ano anterior. Porém, acontece. E é importante que as famílias saibam lidar com a situação para que não seja uma experiência traumática para o aluno.
Kátia Madureira, diretora das séries iniciais do Colégio Batista Mineiro, de Belo Horizonte, explica que, quando a repetência ocorre cedo, dos 6 aos 10 anos, é fundamental que haja uma orientação familiar.
"Os pais devem sublinhar uma autoestima positiva na criança apesar do aparente fracasso. Devem reforçar o sentimento de amor e de carinho e devem se dispor a estar junto com ela nessa nova etapa", diz. "Quando você é criança, acha que aquilo ali é o fim do mundo", recorda Lucas Silveira, 25 anos, que repetiu a 5ª série do antigo primeiro grau e hoje é publicitário.
Também vale a pena dar à criança a perspectiva de encargos: ele é responsável por aquela situação, porém não está sozinho e tem o apoio da família e da escola para o que precisar. Uma solução é mostrar para o aluno que ele vai ser mais experiente que os colegas, que vai poder ajudar a professora.
"Pode se instituir quase como uma monitoria para o estudante, porque ele já conhece os processos daquela série", afirma a educadora.
De qualquer forma, às vezes a repetência é causada por questões externas, já que muitas vezes o aluno acompanhou durante aquele ano alguma situação difícil, que exigiu uma maturidade que ele ainda não tinha - como perder um parente próximo, por exemplo.
Lucas Silveira lembra que até a 4ª série era um ótimo aluno, mas que na 5ª série ficou "rebelde" em relação aos estudos. "Até então eu nem tinha notas baixas, aí no ano seguinte eu não ia às aulas de recuperação", diz.
O publicitário acredita que as razões para a mudança de comportamento estão relacionados à imaturidade. "Foi vagabundagem, eu só queria fazer bagunça", afirma Lucas, que recorda que foi exatamente nesse período que os seus pais se divorciaram.
Sem assimilação adequada do conteúdo, seguir adiante pode ser pior
O aluno T.P. , 10 anos, está passando por uma situação similar. Sem grandes dificuldades de aprendizagem até então, a criança não passou de ano em 2010 e agora vai repetir a 5ª série. Para o seu pai, Anderson Pereira, a causa está diretamente ligada à sua separação de sua ex-esposa e tudo que isso acarreta.
"Ele está morando comigo, mas sente falta das irmãs, que agora moram com a mãe", conta.
T.P. levou um susto quando soube da repetência e, apesar de ainda não demonstrar muito interesse pelos estudos, prometeu tirar notas melhores em 2011.
Pereira conta que seu filho não tem dificuldades de aprendizagem, mas que, se o conteúdo escolar não foi bem fixado, vale a pena repetir de ano.
"Este pai compreendeu que essa experiência é uma necessidade da criança nesse momento e que, se o menino não assimilou bem o conteúdo, seguir adiante nas séries seria pior", comenta Kátia.
Não são todas as famílias que lidam bem com o "fracasso" escolar do filho. A educadora afirma que o sentimento de culpa é normal, mas que ele gera duas posturas. "Ou os pais buscam um bode expiatório, ou seja, colocam a culpa em uma terceira pessoa, como a professora ou os colegas de sala de aula, ou conseguem lidar com o caso de maneira madura, como no caso de Pereira."
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