quarta-feira, 7 de março de 2012

Ortografia oficial do português muda definitivamente a partir de 2013

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Ortografia oficial do português muda definitivamente a partir de 2013:

"Dono da língua é quem usa a língua" - professora Neusa Bastos


Este ano é pra valer: 2012 marca o final da transição para o novo acordo ortográfico adotado desde 2009 nos nove países e uma comunidade independente de língua portuguesa. Seu objetivo é unificar a ortografia onde o idioma é falado, acabando com as diferenças de escrita.


No entanto, mesmo após dois anos de convivência com as novas regras, muitas pessoas ainda desconhecem as mudanças. O Portal Aprendiz conversou com profissionais da linguagem que lidam diretamente com o idioma em seu cotidiano profissional e criativo para contar como se adaptaram à nova escrita.


A professora de Língua Portuguesa das universidades Mackenzie e PUC – SP, Neusa Bastos destaca que “uma transição ortográfica é sempre problemática”. Para ela, que já acompanhou duas outras reformas, a de 1945 e a de 1971, cada vez foi diferente, com propósitos diferentes. “O atual visa uma unidade intercontinental mais ampla, que favoreça o prestígio da Língua Portuguesa no mundo”, diz a professora. “Tanto em suas formalizações institucionais, no caso de documentos enviados à ONU, por exemplo, quanto pela inserção no mercado editorial, que seria facilitada”.


Neusa Bastos conta que, para aprender as novas regras, ela própria recorre às fontes que tem à mão: “nos acordos anteriores, tínhamos só o dicionário. Hoje você tira suas dúvidas pela internet”.


Em tempos informatizados, ela relembra uma história curiosa: na década de 80 e 90 popularizou-se um serviço telefônico chamado “SOS Português”: as pessoas ligavam, apresentavam suas dúvidas e podiam se consultar com um professor: “muitas secretárias ligavam perguntando, por exemplo, sobre o uso correto dos pronomes ao redigir um memorando”.


Lívia Perran enfrenta no cotidiano as dificuldades para lidar com o novo acordo, muitas vezes com formulações ambíguas. Ela, que há quatro anos é revisora de livros didáticos numa grande editora do ramo conta que, com as regras mais básicas, como a mudança na acentuação de paroxítonas terminadas em ditongo, foi mais fácil.


O problema maior veio com o polêmico uso do hífen, ou a junção dos prefixos: “no começo, quando nem o vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras (VOLP) tinha a forma correta, o jeito era reescrever o texto final do livro. Então, por exemplo, ‘reescreva o texto’, num exercício do livro didático, virava ‘escreva o texto novamente’”, relembra.


O Volp - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa


Para se adaptar, ela estudou as mudanças, começando pelas regras mais básicas: “a própria editora que trabalho fez um manual com alterações”. Quando tem dúvidas mesmo recorrendo ao Volp, ela consulta o próprio site da Academia Brasileira de Letras. Na seção “ABL Responde”, acessível a partir da home da instituição, é possível encaminhar, por meio de um formulário na própria página, as dúvidas menos comuns para a instituição: “costuma demorar, mas respondem”, atesta Lívia.


O poeta Glauco Mattoso, adepto de outras grafias, defende em manifesto bem humorado as formas anteriores às mudanças de 1943: “Antonio Houaiss, mentor desta ultima reforma [aqui o poeta se refere ao acordo atual], allegou que o motivo seria melhorar a communicação entre paizes lusophonos, especialmente em tractados internacionaes. Ora, temos mais o que fazer!”.


Mais adiante, ele argumenta: “Por acaso inglezes e americanos deixam de se entender só porque um escreve HUMOUR e THEATRE e o outro escreve HUMOR e THEATER?” O artigo completo saiu originalmente na revista Língua Portuguesa na edição de março de 2009 – no e.mail, Mattoso grafa “Portugueza”.


Com s ou com z, com acento ou sem acento, tem hífen ou é tudo junto, todo mundo já passou por dúvidas linguísticas. Entre as diversas possibilidades de aprendizagem, uma boa forma de rever o conteúdo e fixar as transformações, além da leitura de periódicos – jornais e revistas em que as mudanças são adotadas de forma mais dinâmica do que nos livros – são os vídeos disponíveis online. No canal do youtube do Universia – clique aqui – o internauta encontra uma seção com os principais tópicos do novo acordo. Os vídeos são curtos e podem servir como uma forma a mais para se reconhecer a nova ortografia a tempo de começar a vigorar a validade oficial.

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